Adolescência: dar liberdade ou impôr limites... O que fazer?
"O conselho à sociedade poderia ser: por amor aos adolescentes e à sua imaturidade, não lhes permitam crescer e atingir uma falsa maturidade, transmitindo-lhes uma responsabilidade que ainda não é deles..." (W. D. Winnicott).
A citação deste mestre da Psicanálise pode até soar polêmica para quem defende o protagonismo do adolescente, seja na família, na sociedade ou até mesmo em sala de aula, contudo, é interessante que se preste muita atenção até que ponto nós, enquanto responsáveis, estamos nos distanciando da responsabilidade dos limites a serem dados para esta nova geração....
É fundamental a apresentação de novos caminhos e percursos, é essencial que se permita novas descobertas, mas, tudo isso deve ser sem apressar os passos da idade e sem tirar as decisões que nos competem!
Vale dizer que:
"A imaturidade é uma parte preciosa da adolescência. Nela estão contidos os aspectos mais excitantes do pensamento criador, sentimentos novos e diferentes, ideias de um novo viver. A sociedade precisa ser abalada pelas aspirações daqueles que não são responsáveis. Se os adultos abdicam, o adolescente torna-se, prematuramente, e por um falso processo, adulto. (...)
O triunfo pertence a essa consecução da maturidade através do processo de crescimento, não à falsa maturidade baseada na fácil personificação do adulto. Fatos terríveis estão encerrados nessa afirmação. (...)
A adolescência implica crescimento, e esse crescimento leva tempo. Enquanto esse crescimento se encontra em progresso, a responsabilidade tem de ser assumida pelas figuras parentais. Se essas figuras abdicam, então os adolescentes têm de passar para uma falsa maturidade e perder a sua maior vantagem: a liberdade de ter ideias e agir segundo o impulso." (D. W. Winnicott - O Brincar e a Realidade).
Ao vociferar que esta nova geração está perdida e que são mimadas e cheias de vontade, ficam algumas perguntas: quem está criando? Quem permite que novas regras sejam eleitas? Quem está a todo tempo fazendo as suas vontades? Quem protege a todo custo e os colocam dentro de redomas, completamente opostas ao mundo real? Quem está abdicando de toda a responsabilidade se não nós mesmos, os mais velhos?
Fica a dica: tome as rédeas daquilo que lhe compete como responsável. Vale a pena pensar nisso
Jansen Santos Sarmento da Silva - Doctoralia.com.br
Psicólogo Jansen Sarmento
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