Cultura e Bem Estar: Nise da Silveira, a revolucionária do Tratamento Mental é tema de exposição no CCBB-RJ
Está em cartaz, desde Junho/2021a a exposição Nise da Silveira – A Revolução pelo Afeto, no Centro Cultural Banco do Brasil, unidade Rio de Janeiro. Com 90 obras de ex-pacientes da psiquiatra, que fazem parte do Museu de Imagens do Inconsciente, além de peças de arte contemporânea.
A exposição tem três grandes núcleos e se inicia no espaço de Contexto, Dor e Afeto; passando depois por uma sala mais biográfica, denominada Atelier, espaço de pesquisa e trabalho da Nise e, no terceiro ambiente, usa a metáfora do Engenho de Dentro como o inconsciente, onde o público poderá conhecer um pouco mais da relação da psiquiatra Nise da Silveira com seu professor Carl Gustav Jung, suas pesquisas sobre o inconsciente e sobre o território e o significado da expressão engenho.
Nise criou um método clínico centrado no afeto, sendo herdeira de nomes como Baruch Espinosa, Juliano Moreira, Sigmund Freud e Carl Gustav Jung. Sendo o último seu professor, na Suíça. Homens revolucionários, que abandonaram a ideia do corpo máquina e trabalharam com a abordagem centrada na subjetividade, na emoção, na identidade, na simbologia e nas narrativas que restauram as memórias.
Estão expostas mais de 100 obras, das quais 90 são cedidas pelo Museu de Imagens do Inconsciente (Engenho de Dentro, Rio de Janeiro). Há ainda trabalhos de fotografia, escultura, vídeoinstalação, escultura e reproduções históricas de arquivo.
Vale ressaltar que a exposição tem um aprofundamento de toda a pesquisa realizada por Nise ao longo de sua história, onde, no decorrer dos seus três núcleos expositores são apresentados toda a potência da cientista e do seu olhar pessoal sobre os mais diversos assuntos.
Há, ainda, referências a livros escritos pela psiquiatra, entre os quais, o último, Cartas a Spinoza, filósofo que pregava a ciência se fazendo, também, com afeto e amor; não só só pela razão, o que cabia muito bem em seu método de trabalhar, centrado no afetividade e criatividade.
Um pouco mais sobre Nise da Silveira:
Alagoana, filha de uma pianista e um professor de matemática, nascida em 1905 e falecida aos 94 anos, em 1999, a história revolucionária de Nise da Silveira se inicia bem antes do seu reconhecido trabalho como psiquiatra, deixando a sua marca na Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher em uma turma de 158 alunos e concluindo o curso com o estudo “Ensaio Sobre a Criminalidade da Mulher no Brasil".
Nise se mudou para o Rio de Janeiro e chegou a ficar presa por 18 meses no início da Era Vargas, acusada de ser militante comunista, na Casa de Detenção Frei Caneca. Em 1944, foi contratada para trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio e lá, se opôs aos métodos de tratamento impostos aos internos, como o eletrochoque e a camisa de força. Seus questionamentos às práticas comuns daquela época fizeram com que a direção da instituição a transferisse para o setor de terapia ocupacional, que não recebia nenhum tipo de recurso.
E foi a partir desta transferência que Nise passou a desenvolver um trabalho de vanguarda no tratamento das doenças mentais – e que se tornaria reconhecido no mundo todo. Em vez de choques e do uso da força, os internos passaram a receber pincéis e tintas. Enquanto os métodos tradicionais da época focavam em forçar mudanças, Nise resolveu deixar que cada um se expressasse por intermédio da arte.
Um dos tratamentos desenvolvidos por Nise foi a expressão dos sentimentos pelas artes, especialmente em pinturas. A produção artística de alguns pacientes (ou clientes, como Nise gostava de chamá-los) ganhou reconhecimento pela qualidade estética, além de ter demonstrado resultados positivos na recuperação.
Além da arte, o contato com cães e gatos também foi introduzido por ela no tratamento a pacientes com distúrbios mentais. Os pacientes podiam cuidar dos animais que estavam nos espaços abertos do centro, estabelecendo vínculos afetivos. A psiquiatra chegou, inclusive, a escrever um livro dedicado aos felinos, chamado Gatos, a Emoção de Lidar.
Em 1952, Nise cria o Museu das Imagens do Inconsciente (muitas das obras criadas pelos pacientes ganharam notoriedade, sendo, inclusive expostas em Locais como o MAM de São Paulo). Em 1956, a psiquiatra funda a Instituição Casa das Palmeiras, focada em reabilitar sem internação e também investindo no processo criativo e afetivo dos pacientes.
Ao longo de sua carreira, Nise trouxe uma contribuição de extrema importância para o mundo ocidental, que não fica restrita apenas a sua época de atuação, como também se estende aos dias atuais, priorizando a valorização do universo psíquico do ser humano e das suas potencialidades, qualidades, riquezas e talentos que qualquer pessoa possui dentro de si.
Algumas informações sobre a exposição:
A exposição “Nise da Silveira – A Revolução Pelo Afeto” fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, unidade Rio de Janeiro até 15 de Novembro de 2021 e dá a chance do visitante conhecer com mais profundidade a atuação e genialidade desta psiquiatra que revolucionou o olhar da Psiquiatria no Brasil e no mundo.
A entrada é gratuita, mas, só acontece com dia e horário devidamente agendados no site Eventim e de acordo com as normas e regras de distanciamento social. Para quem ainda está cumprindo o isolamento social de forma mais rígida ou more distante da cidade do Rio de Janeiro, também dá para visitar a exposição virtualmente no site Nise no CCBB.
O CCBB fica na Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ. Tel. (21) 3808-2020
Agende-se e confira de perto este grande evento cultural, que pode contribuir e muito para o seu bem estar e sua saúde psicológica. IMPERDÍVEL!
Jansen Santos Sarmento da Silva - Doctoralia.com.br
Psicólogo Jansen Sarmento
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