Merlí: uma série essencial para pais e filhos adolescentes assistirem juntos
O ensino da filosofia não precisa ser complexo, intricado. Tem a ver com curiosidade, a mania de fazer perguntas, algo que perdemos na cultura ocidental quando envelhecemos.(Jostein Gaarder)
Se houvesse a exigência de uma única tradução a ser dada para a série catalã, Merli, creio que a mais correta seria "APRENDENDO A PENSAR POR SI MESMO".
O seriado televisivo, que tem três temporadas (e uma derivada, que já ganhou mais um ano de continuação) conta a história de Merlí Bergerom, um professor de filosofia, nada convencional, que ao ser contratado por uma escola pública de Barcelona, muda para sempre a vida dos seus alunos e balança a rotina da instituição de ensino.
Além do convite à liberdade de expressão e pela busca pelo conhecimento filosófico, a série conta o cotidiano escolar e pessoal dos alunos, bem como suas questões pessoais e familiares de uma maneira realista, porém, com leveza e muito bom humor.
O mesmo vale dizer para os ensinamentos do mestre filósofo, que embora não sejam abordados de forma tão profunda na tela, dão ao telespectador, uma base bem ampla da mãe de todas as Ciências Humanas e dos seus grandes nomes. Tudo é passado em uma simplicidade e naturalidade tão sedutora, que fica difícil não reconhecer e entender a sua importância nas grades curriculares.
Merlí não é uma série com mocinhos e bandidos, de vítimas ou vilões; ao contrário. Todos os personagens são humanos e em sua trajetória erram e acerta. O próprio protagonista é o oposto de um bom moço: arrogante, manipulador, individualista, egoísta, subversivo, entre outros predicados negativos, contudo, seu estilo de vida libertário e, até mesmo, anárquico estimula seus pupilos a uma visão mais crítica e reflexiva de suas próprias vidas.
Vemos ainda na tela, um professor que vai além do seu papel profissional: um ser humano que se preocupa, luta pelo bem estar dos seus alunos e que não mede esforços para dar-lhes um olhar profundo da vida e do mundo que os cerca.
Vale pontuar que a relação de Merlí com o filho Bruno (que também é seu aluno) é outro ponto forte da série, pois, nos entrega embates super divertidos e as questões existentes entre os dois são feitas na medida certa, naturalmente, sem grandes melodramas, de uma maneira bem próxima do que veríamos em uma relação de pais e filhos, que se viram obrigados a morar juntos pelas circunstâncias da vida.
E este é o grande trunfo de Merlí: apresentar uma história do dia a dia estudantil, abordando temas importantes, sem muitas lágrimas e choros, sem vitimismos ou vilanismos, mas, com uma ótica leve e descontraída sobre a vida, sobre os anseios e questões da adolescência e sobre alguns dos embates desta faixa etária com o universo adulto.
A abordagem da disciplina de Filosofia é outro grande forte da trama, pois, coloca a mãe das Ciências Humanas, em seu devido lugar de destaque e dá aquele gostinho de conhecer mais sobre os grandes filósofos, além de explicar muito bem os motivos de valorizá-la em uma grade curricular de ensino médio, dando inclusive, aquele desejo de segui-la profissionalmente.
A série é também uma excelente oportunidade para pais e filhos assistirem juntos e quem sabe, por meio dos temas que nela são apresentados, exercerem mais o diálogo e se conhecerem, abrindo assim, uma grande brecha para melhor entendimento para as grandes dificuldades de convivência existentes na idade...
Afinal de contas, se a adolescência é mais conhecida como uma fase complexa, rebelde, experimental e subversiva, não nos esqueçamos que ela também é permeada por descobertas, surpresas, de grandes aprendizados e preparos para a vida adulta. Que tal vocês, pais e responsáveis estarem presentes e influentes na vida dos seus "aborrecentes"?
Toda hora é hora de refletir, repensar e quem sabe, de mudar... E, existindo uma possibilidade para que isso aconteça, por que não tentar? Pense nisso!
Psicólogo Jansen Sarmento
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