Sobre Roma: as primeiras impressões da chegada na Cidade Eterna...

Sobre Roma: as primeiras impressões da chegada na Cidade Eterna... 


Embora ame o Rio de Janeiro e tenha a certeza que minha cidade tenha um dos maiores (e melhores) revéillons do globo terrestre, tantos anos acumulados na orla de Copacabana, acredito que seja natural, para um nativo, a sensação de mais do mesmo... Por conta disso venho optando por partir em busca de novas experiências e horizontes, ansioso por histórias e sensações nunca antes vividas, fazendo desta busca uma tradição na minha vida...

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Após uma viagem sozinho de aproximadamente 15 dias, realizada um ano antes, na comodidade e facilidade de comunicação e compreensão, em Portugal e Espanha, quis arriscar e tive um rompante de coragem e loucura, decidindo passar 30 dias sozinho em destinos com línguas mais complicadas e complexas... Lá estava eu, em dezembro de 2015, embarcando numa odisseia por Paris, Amsterdã, Roma, Veneza, Florença, Praga e Berlim, sem falar um nada das línguas locais ou da inglesa…


Destas cidades, Roma foi a escolhida para a virada do ano e no dia 31/12/2015, lá estava eu partindo de Amsterdam, com a missão aventureira de passar um réveillon totalmente sozinho… Desembarquei no Aeroporto Fiumicino as 15:30 e a sensação de prazer e felicidade já tomavam conta de mim… Como não estar feliz por ter o privilégio de conhecer uma das capitais mais antigas e importantes do nosso mundo? Como não sentir um frio na barriga? Como não ter tantas expectativas? Naquele desembarque percebi que nada, nem ninguém atrapalharia o encantamento daquele momento...


Por questões econômicas, desisti de pegar o trem expresso até a estação Central (Termini), para ir via ônibus especial até o referido terminal,  pagando por ida e volta nele praticamente a metade do preço do valor cobrado só na ida, pelo transporte ferroviário… Apesar do charme de sair do aeroporto num trem confortável de alta velocidade, não tinha como fechar os olhos para essa economia e, além do mais, a experiência de saídas e retornos em trajetos interligando o aeroporto e pontos centrais das cidades europeias, das quais estive, foram extremamente pontuais, organizados e bem sucedidos...


Acontece que alguns amigos já haviam me dito que a Itália é o país europeu que mais se assemelha a nós, brasileiros: são esporrentos, expansivos, passionais, ao seu modo simpáticos, calorosos, de alma acolhedora e, para o desespero de quem experimenta a organização de outros países europeus e agradece a Deus de joelhos por ver tudo funcionando, fica meio que impressionado com a desorganização de muitas coisas na cidade...






E a maior sensação de familiaridade e proximidade com o Brasil, se deu bem ali, no meu desembarque do aeroporto para pegar o bendito ônibus especial: uma confusão de gente, sem qualquer tipo de orientação, vários guichês abertos e cada um de seus representantes fazendo uma verdadeira arroaça, chamando pessoas para comprar passagens; um vai e vem de deixar tonto, desnorteado e sem saber o que se fazer! Era uma coisa de confundir os nervos e um verdadeiro quebra cabeças para descobrir qual a melhor empresa, o melhor  o horário e em qual plataforma os veículos estavam saindo... Naquele momento, a sensação era a de estar enfrentando uma das batalhas diárias que o brasileiro passa dentro de um transporte público.

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Apesar da confusão e da sensação de que alguém acabaria ficando de sem conseguir comprar seu bilhete, de que perderia o seu ônibus, surpreendentemente, as pessoas se acomodavam e diferente de muitas cenas que presenciei em nossos centros urbanos, não houve brigas ou discussões acaloradas. A pontualidade passou bem longe do que experimentara em outras cidades europeias e o ônibus saiu com mais de 20 minutos de atraso, além dos vários minutos para conseguir comprar meu ticket.





Apesar destes pequenos aborrecimentos e da sensação de estar em qualquer grande cidade brasileira, com seus meios de transportes ineficientes e desorganizados, a viagem de ônibus, a meu ver, mesmo sendo confusa  e demorada, se mostrou a mais acertada: rapidamente me esqueci do estresse e me vi emocionado ao atravessar os muros de Roma, vislumbrando bem de perto locais como a Pirâmide de Cestio, Porta São Paulo, Circo Máximo, Arco de Constantino, Fórum Romano e Coliseu; monumentos esses que não teria a agradável surpresa de avistar, caso tivesse decidido chegar na cidade de trem.







Abri mão da hospedagem na praticidade (e um pouco de feiura) na região do Termini e optei por um quarto individual, na casa de uma brasileira, via Airbnb, no bairro de San Giovanni e ao chegar lá, mais uma vez, tive a certeza de que havia feito a melhor escolha; estava há poucos passos de uma das basílicas papais (San Giovanni) e a 10 minutinhos a pé do majestoso Coliseu, num percurso belo e seguro. O metrô passava praticamente na minha porta, sem contar que me vi num bairro residencial, prático, próximo de tudo, cercado por uma maioria de moradores locais e não de um enxame de turistas...

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Após as boas impressões, uma conversa super bacana, em português, com ótimas dicas sobre o que fazer naquela noite de réveillon, saí para andar pelas ruas, jantar e depois aguardar, no Coliseu, minha tão sonhada queima de fogos romana… (Continua)


Jansen Sarmento.



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