A imortalidade da poesia de Ferreira Gullar
Dia 04 de dezembro de 2016: por volta das 10h da manhã, nosso maior poeta vivo deu seu último suspiro... Escritor, poeta, tradutor, crítico de arte, memoralista, ensaísta e ocupante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, Ferreira Gullar, deixa um imenso legado para a literatura brasileira.
Durante seis décadas de produção artística, o literário maranhense de alma carioca participou ativamente dos maiores acontecimentos da literatura e poesia no país, mas, como infelizmente nossa única certeza da vida é a morte, aos oitenta e seis anos, o corpo físico de nosso poeta não resistiu aos rigores da idade e se foi, porém, sua alma continuará viva em suas obras.
O tempo não apagará a história e Ferreira Gullar permanecerá vivo ao longo dos anos e dos séculos com sua poesia neoconcretista, de engajamento político e de denúncia social! Que sua obra contemple um país mais justo, livre da corrupção e socialmente justo. Vai com os anjos, vai em paz...
Jansen Sarmento
Fiquemos portanto, com um de seus maiores poemas:
Não há Vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
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