São Luís do Maranhão (Parte 3 - Final): Se deixe seduzir por ela!

Rua do Giz - Centro Histórico
Embora a região praiana de São Luís tenha me encantado, com sua cara de nova, bares badalados, carros importados, prédios de alto luxo (com algumas comunidades bem carentes, também), foi nas proximidades do Centro Histórico que me senti mais a vontade... Vale dizer que no caminho entre Ponta d’Areia e a região Central, observei bastante pobreza...
Fiz minha primeira incursão para o Centro Histórico no meu segundo dia de viagem, por volta de 15h... Decidi não seguir as orientações da atendente do hotel e peguei um busão para o local... Confesso que a viagem foi muito peculiar e pude sentir na pele a deficiência do sistema de transporte urbano da cidade... Num horário onde, normalmente, em outras cidades, o ônibus está relativamente vazio, peguei uma condução sem assentos disponíveis e que foi ficando abarrotado a medida que passava por uma área nobre da cidade chamada de Península, cercada de prédios de alto padrão, sem nenhum tipo de comércio nele... A curiosidade é a de que nesse horário, somente entravam mulheres na condução, que ficou beirando o insuportável de tão cheia que estava... Mas, valeu a pena... O ônibus me deixou na porta da Centro Histórico.

Praça Benedito Leite
Como disse antes, embora tenha gostado do que vi, inicialmente, senti uma grande estranheza ao percorrer as ruas do Centro Histórico... As poucas informações sobre o local desestimulam e a falta de manutenção de muitos casarões fazem com que percam todo o seu charme... Além do mais, a sensação de insegurança e perigo que me foram passadas, causaram um certo receio sobre os locais que estaria percorrendo... Sendo assim, neste primeiro dia, acabei me restringindo a área do Palácio dos Leões, Igreja de Sé e do Mercado das Tulhas... Apesar de ter me precavido e ter evitado sair da região de maior concentração turística, mais uma vez, não avistei sinais de perigo ou de violência. Mas, por conta de ter ido no horário da tarde, optei por não me arriscar e optei por ver o que havia ali perto e aguardar pelo famoso por do Sol da sacada do Palácio dos Leões...

Azulejos Portugueses da Rua Portugal
Neste meu primeiro dia de andanças, o que mais me impressionou foi a Rua Portugal com seus vários casarões repletos de azulejos portugueses e a Casa das Tulhas... A riqueza dos detalhes arquitetônicos da rua são muitos e, apesar dos azulejos não estarem tão conservados quanto deveriam, sua beleza e a riqueza dos detalhes são incríveis... Quanto ao segundo local, mesmo sem ser grandioso, como o Mercado Modelo de Salvador, por exemplo, tem em seu prédio um charme inquestionável; as lojinhas com produtos típicos do Maranhão, da Região Norte e Nordeste também impressionam... Quanta cor e beleza numa bagunça, que tem sua arrumação própria e poesia na sua exposição ao público! Ah, e é dentro dos bares do Mercado das Tulhas que os nativos da cidade vão tomar sua cerveja, seu guaraná Jesus (que não achei lá essas grandes coisas) e sua tiquira, que é uma aguardente feita da mandioca, bem mais forte que a cachaça! Sem falar na Juçara, que para os que não conhecem é o nome dado ao açaí no Maranhão.

O Mercado das Tulhas e Seus Produtos

O pôr do sul ludovicense é algo de tirar o folêgo e tive a oportunidade de vê-lo sob três ângulos diferentes: Ponta do Farol, Espigão Costeiro e Centro Histórico... Sem sombra de dúvidas o terceiro é o mais lindo! Digno de muitos aplausos e elogios -  se estivéssemos no Arpoador, com certeza, as salvas de palmas seriam ainda mais emocionadas e prolongadas... Foram três dias seguidos de Centro Histórico, sempre no horário da tarde e a noite. Ah, e como gostei de andar por lá: Rua Portugal, Catedral da Sé, Praça Benedito Leite, Casa do Maranhão, Mercado das Tulhas, Largo do Comércio, Convento das Mercês, Centro de Cultura Popular, Igreja do Carmo, Casa de Nhosinho, Teatro Arthur Azevedo, Museu Histórico e Artístico do Maranhão. Casa de Ana Jansen, entre tantos outros locais super interessantes... Tudo isso acompanhado de um belíssimo pôr do sol e de muita cerveja, tiquira, bolinho de bacalhau, carne de sol ou camarão com casca, além de sempre estar com uma boa companhia. Mais uma vez repito que não presenciei nenhuma situação que me causasse medo nas várias ruas que passei!

Pôr do Sol visto da sacada do Palácio dos Leões
E entre tantos sabores, gostos e cores, o que já torna São Luís incrível, é no ludovicense que São Luís guarda seu tesouro mais precioso! Não sei se foi uma viagem abençoada, que me trouxe muita sorte ou se foi mesmo a simpatia e receptividade dos nativos, mas, como conheci gente de bem e bacana! Como descobri nestes 5 dias uma São Luís diferente de tudo o que havia lido nos sites e recomendações de amigos... Que existe um descaso e abandono dos governantes para com essa bela cidade, isso é inquestionável, mas, como me envolvi com o orgulho e amor que essa gente tem por sua terra, raízes e tradições! Conheci bares turísticos como D'Antigamente e o Restaurante Escola do Senac (que embora seja delicioso, peca por não priorizar a comida do Maranhão), mas, graças aos meus contatos, bebi e comi nos bares da Casa das Tulhas e no Cafofinho da Tia Dica; bares cheios de personalidade, frequentados por locais e, consequentemente, bem mais em conta e tão bons quanto os tops da lista turística!

Depois do Pôr do Sol, a pedida é tomar cerveja e ver o povo passar pelo Centro Histórico
Foram 5 dias mágicos na cidade de muitos apelidos: Atenas Brasileira, Jamaica Brasileira, Ilha do Amor, Cidade dos Azulejos, Ilha Bela, Ilha de Upaon-Açur e Capital da França Equinocial (São Luís foi fundada por franceses, sendo a única capital brasileira que teve sua fundação realizada por outro povo europeu que não fosse o português). O amor foi tão grande que adiei por um dia minha ida aos Lençóis Maranhenses e quase voltei de lá antes do tempo para continuar a vivenciar as emoções que tive e aproveitar melhor os novos amigos que conquistei e me apresentaram uma metrópole muito mais apaixonante que os guias de cidades apresentam... Senti ali a mesma sensação que tive em Barcelona e Florença, por exemplo: uma estranheza inicial que se transformou depois em amor e paixão... Ela é uma capital relativamente pequena, com apenas dois pontos principais para turismo, contudo, é grandiosa em seus hábitos e costumes! Impossível não dizer um até breve e não ansiar por um breve retorno!

A noite do Centro Histórico

Infelizmente faltu bastante coisa para apreciar e conhecer: noite de reggae no Centro Histórico, Tambor de Criola, Bumba Meu Boi, as tradições do Candomblé ludovicense, etc... Como cheguei numa segunda-feira e fui embora na sexta, acabei perdendo a oportunidade de aproveitar o final de semana da região (as apresentações costumam acontecer de sexta a domingo). Mas, não tem importância, pois, meu retorno é certo! De preferência, voltarei num revéillon, carnaval ou nas festas juninas; datas das quais a beleza e poesia da cultura maranhense tem seu auge. Fui embora com o coração cheio de saudades e com uma admiração ainda maior pelo povo nordestino: gente forte, guerreira, batalhadora e que não se deixa vencer com as adversidades. Cada vez que experimento algo novo nessa  terra, a vontade é de ficar e não voltar! Amo o Rio de Janeiro, minha terra natal, mas, a minha alma é nordestina e o coração bate muito forte naquelas bandas... 
Sei que muita gente irá discordar dessa minha resenha, mas, é a minha experiência! Meu olhar pessoal sobre uma cidade que, ao meu ver, é cheia de encantos e belezas! Se vocês tem espírito aventureiro, não se contenta com o turismo lúdico e gosta de sentir na pele o cotidiano de um povo, se organize para conhecer a Ilha do Amor! São Luís é um patrimônio do Brasil e do Mundo!

Precisando de maiores informações sobre essa linda cidade, conte comigo; responderei com o maior prazer!

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Jansen Sarmento 


"Ah! que horizonte belo de se refletir
Outro dia me disseram que o amor nasceu aqui
Saiu detrás do sol com um jeito de guri
Tanto novo, como leve o amor nasceu aqui

Ponta d'areia, olho d'água e araçagy...
Mesmo estando na raposa eu sempre vou ouvir bis
A natureza me falando que o amor nasceu aqui

Ah! que ilha inexata quando toca o coração
Eu te toco, tu me tocas cá nas cordas do violão
E, se um dia eu for embora pra bem longe deste chão
Eu jamais te esquecerei são luís do maranhão"
(Ilha Magnética - César Nascimento)
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2 comentários

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Unknown
Administrador
26 de agosto de 2016 às 15:18 ×

Ahhh pelo visto você se apaixonou...e a cidade não ficou devendo nada a pontos turísticos estrangeiros... Tenho muita vontade de conhecer o nordeste também! Bjs meu amigo!

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26 de agosto de 2016 às 22:08 ×

Sim! Saí de São Luís completamente apaixonado!

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